top of page
Foto do escritorCarlos Felipe

Índice de Bishop: guia completo para avaliação da maturidade cervical e indução de parto

O Índice de Bishop é uma ferramenta fundamental em obstetrícia, usada para avaliar a "maturidade" ou a prontidão do colo do útero para o trabalho de parto.


Desenvolvido pelo Dr. Edward Bishop em 1964, o índice é amplamente utilizado para prever o sucesso da indução do trabalho de parto, especialmente em casos onde a indução é recomendada por razões médicas, como hipertensão, diabetes gestacional, ou idade gestacional avançada.


Neste guia, voltado para médicos e estudantes de medicina, vamos explorar o Índice de Bishop em detalhes: o que é, como calcular e interpretar, além de discutir suas limitações e alternativas.


1. O que é o índice de Bishop e para que ele serve?


A indução do trabalho de parto é o processo de estimular artificialmente as contrações uterinas para iniciar o parto. No entanto, o sucesso dessa indução depende da condição do colo do útero, que precisa estar “maduro” o suficiente para permitir o progresso do parto vaginal.


O Índice de Bishop fornece um método padronizado para avaliar a “maturidade cervical”. Ele considera uma série de características do colo do útero e da posição fetal, resultando em uma pontuação que indica a probabilidade de sucesso da indução.


Com base nessa pontuação, o obstetra pode decidir se é mais seguro aguardar o trabalho de parto espontâneo ou prosseguir com métodos de amadurecimento cervical antes de induzir o parto.



2. Componentes do índice de Bishop


O Índice de Bishop avalia cinco fatores anatômicos, cada um com uma pontuação de 0 a 3.


Esses fatores são:

  1. Dilatação cervical (em cm): Mede o quanto o colo uterino já está aberto.

  2. Apagamento (ou “efacement”) do colo (em %): Indica o afinamento do colo.

  3. Consistência do colo: Refere-se à textura do colo, que pode ser firme, média ou macia.

  4. Posição do colo uterino: Avalia a localização do colo em relação à pelve (pode ser posterior, intermediário ou anterior).

  5. Estação fetal (posição do bebê em relação à pelve da mãe): Indica o quão baixo o bebê está na pelve, uma medida importante para saber se o trabalho de parto será facilitado.


Cada um desses itens é pontuado de acordo com critérios específicos, que vamos detalhar a seguir.


Médico com roupa verde e estetoscópio no pescoço.

2.1 Dilatação cervical


A dilatação é a abertura do colo do útero, medida em centímetros, e é um dos primeiros sinais de que o corpo da mãe está se preparando para o parto.

  • 0 cm = 0 pontos

  • 1-2 cm = 1 ponto

  • 3-4 cm = 2 pontos

  • ≥5 cm = 3 pontos


Quanto mais dilatado o colo, maior a pontuação, indicando uma preparação mais avançada.



2.2 Apagamento cervical (Efacement)


O apagamento, ou afilamento do colo, é um percentual que representa quanto do colo uterino “desapareceu” à medida que se afina e se prepara para o parto.

  • 0-30% apagado = 0 pontos

  • 40-50% apagado = 1 ponto

  • 60-70% apagado = 2 pontos

  • ≥80% apagado = 3 pontos


Um maior percentual de apagamento sugere uma prontidão mais avançada para o parto.



2.3 Consistência cervical


A consistência do colo pode variar de firme a macio.


Quanto mais macio o colo, maior a probabilidade de sucesso na indução do trabalho de parto, pois ele se torna mais flexível e capaz de se abrir.


  • Firme = 0 pontos

  • Média = 1 ponto

  • Macia = 2 pontos



2.4 Posição do colo uterino


Normalmente, o colo uterino se encontra numa posição posterior.


Conforme a gestação progride e o trabalho de parto se aproxima, ele se move para uma posição mais anterior, o que facilita o nascimento.


  • Posterior = 0 pontos

  • Intermediária = 1 ponto

  • Anterior = 2 pontos



2.5 Estação fetal


A estação fetal indica a posição do bebê em relação às espinhas isquiáticas da pelve materna.


Medida de -3 (alto na pelve) a +3 (próximo ao canal de parto), é um bom indicador de quão avançado está o trabalho de parto.


  • -3 (alto) = 0 pontos

  • -2 = 1 ponto

  • -1 a 0 = 2 pontos

  • +1 a +2 = 3 pontos



3. Calculando o índice de Bishop


A soma das pontuações atribuídas a cada um dos cinco critérios resulta no Índice de Bishop, que pode variar de 0 a 13.


  • Índice de Bishop ≤ 5: Considerado desfavorável, sugerindo baixa probabilidade de sucesso na indução do parto sem intervenções adicionais.

  • Índice de Bishop ≥ 6: Considerado favorável, indicando que o colo do útero está mais maduro e provavelmente responderá bem à indução.

  • Índice de Bishop ≥ 9: Altamente favorável, sugerindo que a indução tem grande probabilidade de sucesso e, possivelmente, que o parto espontâneo pode estar próximo.



Exemplo de cálculo


Suponha que uma paciente em termo apresente:

  • Dilatação de 2 cm (1 ponto)

  • Apagamento de 60% (2 pontos)

  • Consistência média (1 ponto)

  • Colo em posição intermediária (1 ponto)

  • Estação fetal -1 (2 pontos)


Total do Índice de Bishop = 1 + 2 + 1 + 1 + 2 = 7 pontos.


Esse resultado sugere que a paciente tem boas chances de sucesso na indução.



4. Como o índice de Bishop é utilizado


O Índice de Bishop é particularmente útil em várias situações onde a indução do trabalho de parto pode ser necessária, como:


  • Gravidez prolongada (≥ 41 semanas)

  • Pré-eclâmpsia e eclâmpsia

  • Diabetes gestacional

  • Restrição de crescimento intrauterino (RCIU)

  • Ruptura prematura das membranas sem trabalho de parto ativo


Essas situações podem representar riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, e a indução do parto é considerada para minimizar tais riscos.


Com um Índice de Bishop alto, o profissional tem mais confiança de que a indução terá sucesso e levará ao parto vaginal.



5. Limitações do índice de Bishop


Embora útil, o Índice de Bishop possui limitações.


Ele não considera fatores como:


  • Paridade da paciente: Mulheres multíparas geralmente têm colos mais favoráveis.

  • Idade gestacional precisa

  • Características específicas do bebê, como tamanho e posição

  • Condições adicionais da mãe, como obesidade, que podem influenciar na indução


Além disso, o índice é subjetivo e depende da experiência do avaliador, o que pode gerar variabilidade nos resultados.



6. Alternativas e métodos complementares ao índice de Bishop


Para pacientes com um Índice de Bishop desfavorável, métodos de amadurecimento cervical podem ser utilizados antes da indução, como:


  • Uso de prostaglandinas: Géis ou comprimidos aplicados diretamente no colo.

  • Cateter de Foley: Insere-se um balão no colo para induzir dilatação mecânica.

  • Misoprostol: Fármaco que também ajuda a amadurecer o colo.


Outras tecnologias como ultrassonografia cervical têm sido usadas como alternativa ou complemento para medir a "maturidade cervical" com mais precisão.


O Índice de Bishop é um dos métodos mais importantes para avaliar a maturidade cervical e determinar a viabilidade de indução do parto. Ele permite que o obstetra avalie o progresso do colo uterino e tome decisões embasadas para promover um parto seguro e eficaz, minimizando riscos para mãe e bebê.


Compreender esse índice e suas aplicações permite ao profissional obstétrico realizar uma indução de parto mais segura e com maior probabilidade de sucesso, proporcionando uma experiência positiva para a mãe e sua família.

Veja também:
Guia de prescrições

Estrela

Medicamentos, posologia, apresentações e muito mais!

Calculadoras de dose por quilo, posologia diária e suspensões, para você sempre ter à mão.

Fotos disponibilizadas por IA, Pexels ou Unsplash.

Receba em primeira mão as nossas atualizações

Gif demonstrando como é o Blackbook por dentro

Veja também:

Blackbook: Marketing Digital para Médicos

Aprenda a fazer marketing médico digital com quem realmente entende do assunto. São 33 lições práticas para você implementar ainda hoje e ganhar mais dinheiro, ser mais relevante e ter mais tempo livre.

bottom of page