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Foto do escritorCarlos Felipe

Oligodrâmnio: definição, causas, diagnóstico e manejo clínico

O oligodrâmnio (ou oligoâmnio, também chamado de oligoidrâmnio) é uma condição obstétrica caracterizada por um volume reduzido de líquido amniótico durante a gestação, avaliado principalmente por meio do Índice de Líquido Amniótico (ILA).


Essa alteração pode ter consequências graves para o feto, incluindo restrição de movimentos, compressão do cordão umbilical e hipoplasia pulmonar.


Reconhecer suas causas, diagnosticar precocemente e manejar adequadamente são passos essenciais para garantir a saúde materno-fetal.


Neste post, você encontrará:

  • O que é oligodrâmnio e seus critérios diagnósticos.

  • Causas e fatores de risco.

  • Impactos no desenvolvimento fetal.

  • Métodos de diagnóstico, incluindo calculadoras específicas de líquido amniótico.

  • Abordagens terapêuticas.



Definição: o que é o Oligodrâmnio?


O oligodrâmnio é definido como um volume de líquido amniótico abaixo do normal para a idade gestacional. O diagnóstico baseia-se na ultrassonografia obstétrica, especialmente na avaliação do Índice de Líquido Amniótico (ILA) ou do maior bolsão vertical.


Critérios Diagnósticos




Gravidade do Oligodrâmnio


  • Leve: ILA entre 4-5 cm.

  • Moderado: ILA entre 2-4 cm.

  • Grave: ILA < 2 cm, associado a complicações fetais significativas.



Causas de Oligodrâmnio


As causas do oligodrâmnio podem ser classificadas como maternas, placentárias e fetais, que muitas vezes podem estar interligadas:



1. Causas maternas


Condições maternas que afetam a perfusão uteroplacentária e a produção de líquido amniótico incluem:


  • Desidratação: Reduz o volume circulante materno, diminuindo a perfusão uterina.

  • Pré-eclâmpsia, hipertensão gestacional e hipertensão crônica: A insuficiência placentária compromete a troca de líquidos entre mãe e feto.

  • Diabetes Mellitus: Pode levar à insuficiência placentária crônica.

  • Uso de medicamentos: Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) reduzem a produção renal fetal de líquido amniótico.



2. Causas placentárias


Alterações na placenta podem diminuir a produção de líquido amniótico devido à insuficiência placentária ou danos estruturais:


  • Insuficiência placentária: Em gestações complicadas por restrição de crescimento intrauterino (RCIU).

  • Descolamento prematuro de placenta: Reduz drasticamente a perfusão fetal.

  • Gestação prolongada (> 42 semanas): A degeneração placentária fisiológica reduz o volume de líquido amniótico.



3. Causas fetais


Condições fetais diretamente ligadas à produção e circulação do líquido amniótico:


  • Anomalias renais fetais:

    • Agenesia renal bilateral (Síndrome de Potter).

    • Obstruções do trato urinário, como valva de uretra posterior.


  • Ruptura prematura de membranas (RPM): Causa perda de líquido amniótico por via vaginal.


  • Anemia fetal: Resultante de aloimunização ou hemorragias fetomaternas, reduz a perfusão renal fetal.


  • Infecções congênitas: Toxoplasmose e citomegalovírus podem prejudicar a função renal fetal.


Consequências para o feto


O líquido amniótico é essencial para o desenvolvimento saudável do feto. Sua redução pode causar:



1. Restrição de movimentos fetais


A falta de líquido amniótico limita os movimentos do feto, resultando em deformidades, como:

  • Contraturas articulares.

  • Pé torto congênito.



2. Hipoplasia pulmonar


O líquido amniótico é crucial para o crescimento pulmonar. Em casos graves, especialmente quando ocorre no início da gestação, o oligodrâmnio pode levar à hipoplasia pulmonar, que compromete a respiração neonatal.



3. Compressão de cordão umbilical


A redução do líquido amniótico aumenta o risco de compressão do cordão, resultando em:

  • Bradicardia fetal.

  • Desacelerações tardias na frequência cardíaca fetal.


Profissional da saúde realizando ultrassonografia em gestante.

Diagnóstico


O diagnóstico é feito por ultrassonografia obstétrica, com foco nos métodos quantitativos.





2. Maior Bolsão Vertical


  • Método complementar em gestações gemelares ou em casos de suspeita de oligodrâmnio.



3. Perfil Biofísico Fetal


  • Combina avaliação do líquido amniótico com outros parâmetros de bem-estar fetal, como movimentos fetais e frequência cardíaca.



Manejo clínico


O manejo do oligodrâmnio varia de acordo com a gravidade e a idade gestacional:


1. Hidratação materna


  • Aumentar a ingestão de líquidos maternos.

  • Em casos mais graves, hidratação intravenosa pode melhorar temporariamente o volume de líquido amniótico.



2. Monitoramento fetal


  • Realizar avaliações frequentes com perfil biofísico fetal e cardiotocografia.

  • Monitorar o crescimento fetal e sinais de sofrimento.



3. Amnioinfusão


  • Indicada durante o trabalho de parto para aliviar a compressão do cordão umbilical.

  • Consiste em infundir solução salina ou ringer lactato diretamente no saco amniótico via cateter intrauterino.



4. Indução do parto ou cesárea


  • Indicado em casos de sofrimento fetal ou oligodrâmnio grave em gestações a termo (> 37 semanas).

  • Em casos pré-termo, a decisão depende do equilíbrio entre os riscos de prematuridade e de comprometimento fetal.



Prognóstico e considerações


O prognóstico do oligodrâmnio depende da causa subjacente e da idade gestacional:


  • Prognóstico Favorável: Em casos leves ou transitórios, como em desidratação materna reversível.


  • Prognóstico Desfavorável: Em oligodrâmnio grave associado a anomalias fetais ou insuficiência placentária severa.


A detecção precoce e o manejo adequado podem minimizar os riscos para mãe e bebê.


O oligodrâmnio é uma condição que exige atenção especial no pré-natal, devido aos riscos que representa para o desenvolvimento e o bem-estar fetal.


A utilização de ferramentas como o Índice de Líquido Amniótico (ILA) e a calculadora de líquido amniótico facilita o diagnóstico e permite intervenções precoces.


Para médicos e estudantes, compreender as causas, os métodos diagnósticos e as estratégias de manejo é essencial para garantir melhores desfechos obstétricos e neonatais.

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Fotos disponibilizadas por IA, Pexels ou Unsplash.

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