O oligodrâmnio (ou oligoâmnio, também chamado de oligoidrâmnio) é uma condição obstétrica caracterizada por um volume reduzido de líquido amniótico durante a gestação, avaliado principalmente por meio do Índice de Líquido Amniótico (ILA).
Essa alteração pode ter consequências graves para o feto, incluindo restrição de movimentos, compressão do cordão umbilical e hipoplasia pulmonar.
Reconhecer suas causas, diagnosticar precocemente e manejar adequadamente são passos essenciais para garantir a saúde materno-fetal.
Neste post, você encontrará:
O que é oligodrâmnio e seus critérios diagnósticos.
Causas e fatores de risco.
Impactos no desenvolvimento fetal.
Métodos de diagnóstico, incluindo calculadoras específicas de líquido amniótico.
Abordagens terapêuticas.
Definição: o que é o Oligodrâmnio?
O oligodrâmnio é definido como um volume de líquido amniótico abaixo do normal para a idade gestacional. O diagnóstico baseia-se na ultrassonografia obstétrica, especialmente na avaliação do Índice de Líquido Amniótico (ILA) ou do maior bolsão vertical.
Critérios Diagnósticos
ILA < 5 cm: Medição do líquido nos quatro quadrantes uterinos. Através de ultrassonografias específicas, você consegue dados para calcular o ILA. Clique aqui para acessar a calculadora do perinatology em português, que vai te ajudar nisso.
Maior bolsão vertical < 2 cm: Considerado diagnóstico em qualquer idade gestacional.
Gravidade do Oligodrâmnio
Causas de Oligodrâmnio
As causas do oligodrâmnio podem ser classificadas como maternas, placentárias e fetais, que muitas vezes podem estar interligadas:
1. Causas maternas
Condições maternas que afetam a perfusão uteroplacentária e a produção de líquido amniótico incluem:
Desidratação: Reduz o volume circulante materno, diminuindo a perfusão uterina.
Pré-eclâmpsia, hipertensão gestacional e hipertensão crônica: A insuficiência placentária compromete a troca de líquidos entre mãe e feto.
Diabetes Mellitus: Pode levar à insuficiência placentária crônica.
Uso de medicamentos: Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) reduzem a produção renal fetal de líquido amniótico.
2. Causas placentárias
Alterações na placenta podem diminuir a produção de líquido amniótico devido à insuficiência placentária ou danos estruturais:
Insuficiência placentária: Em gestações complicadas por restrição de crescimento intrauterino (RCIU).
Descolamento prematuro de placenta: Reduz drasticamente a perfusão fetal.
Gestação prolongada (> 42 semanas): A degeneração placentária fisiológica reduz o volume de líquido amniótico.
3. Causas fetais
Condições fetais diretamente ligadas à produção e circulação do líquido amniótico:
Anomalias renais fetais:
Agenesia renal bilateral (Síndrome de Potter).
Obstruções do trato urinário, como valva de uretra posterior.
Ruptura prematura de membranas (RPM): Causa perda de líquido amniótico por via vaginal.
Anemia fetal: Resultante de aloimunização ou hemorragias fetomaternas, reduz a perfusão renal fetal.
Infecções congênitas: Toxoplasmose e citomegalovírus podem prejudicar a função renal fetal.
Consequências para o feto
O líquido amniótico é essencial para o desenvolvimento saudável do feto. Sua redução pode causar:
1. Restrição de movimentos fetais
A falta de líquido amniótico limita os movimentos do feto, resultando em deformidades, como:
Contraturas articulares.
Pé torto congênito.
2. Hipoplasia pulmonar
O líquido amniótico é crucial para o crescimento pulmonar. Em casos graves, especialmente quando ocorre no início da gestação, o oligodrâmnio pode levar à hipoplasia pulmonar, que compromete a respiração neonatal.
3. Compressão de cordão umbilical
A redução do líquido amniótico aumenta o risco de compressão do cordão, resultando em:
Bradicardia fetal.
Desacelerações tardias na frequência cardíaca fetal.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por ultrassonografia obstétrica, com foco nos métodos quantitativos.
Padrão-ouro para diagnóstico.
Utilize a calculadora de líquido amniótico para simplificar o cálculo do ILA em sua prática clínica.
2. Maior Bolsão Vertical
Método complementar em gestações gemelares ou em casos de suspeita de oligodrâmnio.
3. Perfil Biofísico Fetal
Combina avaliação do líquido amniótico com outros parâmetros de bem-estar fetal, como movimentos fetais e frequência cardíaca.
Manejo clínico
O manejo do oligodrâmnio varia de acordo com a gravidade e a idade gestacional:
1. Hidratação materna
Aumentar a ingestão de líquidos maternos.
Em casos mais graves, hidratação intravenosa pode melhorar temporariamente o volume de líquido amniótico.
2. Monitoramento fetal
Realizar avaliações frequentes com perfil biofísico fetal e cardiotocografia.
Monitorar o crescimento fetal e sinais de sofrimento.
3. Amnioinfusão
Indicada durante o trabalho de parto para aliviar a compressão do cordão umbilical.
Consiste em infundir solução salina ou ringer lactato diretamente no saco amniótico via cateter intrauterino.
4. Indução do parto ou cesárea
Indicado em casos de sofrimento fetal ou oligodrâmnio grave em gestações a termo (> 37 semanas).
Em casos pré-termo, a decisão depende do equilíbrio entre os riscos de prematuridade e de comprometimento fetal.
Prognóstico e considerações
O prognóstico do oligodrâmnio depende da causa subjacente e da idade gestacional:
Prognóstico Favorável: Em casos leves ou transitórios, como em desidratação materna reversível.
Prognóstico Desfavorável: Em oligodrâmnio grave associado a anomalias fetais ou insuficiência placentária severa.
A detecção precoce e o manejo adequado podem minimizar os riscos para mãe e bebê.
O oligodrâmnio é uma condição que exige atenção especial no pré-natal, devido aos riscos que representa para o desenvolvimento e o bem-estar fetal.
A utilização de ferramentas como o Índice de Líquido Amniótico (ILA) e a calculadora de líquido amniótico facilita o diagnóstico e permite intervenções precoces.
Para médicos e estudantes, compreender as causas, os métodos diagnósticos e as estratégias de manejo é essencial para garantir melhores desfechos obstétricos e neonatais.