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Leucograma: componentes, alterações e relevância clínica

O leucograma, parte integrante do hemograma, avalia a série branca do sangue, fornecendo informações sobre a contagem total de leucócitos (glóbulos brancos) e sua distribuição em diferentes subtipos celulares.


É essencial para a investigação de infecções, inflamações, distúrbios imunológicos e condições hematológicas malignas, como leucemias.


Neste post, abordaremos:

  • Os componentes do leucograma.

  • Os valores de referência.

  • As principais alterações e suas causas.



O que é o leucograma?


O leucograma é a análise da quantidade e características funcionais dos leucócitos. Ele inclui a contagem total de leucócitos no sangue e a contagem diferencial, que detalha as proporções de cada tipo de leucócito: neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos.



Componentes do leucograma


1. Leucócitos totais


Valores de referência:

  • Adultos: 4.000 - 11.000/mm³

  • Crianças: 5.000 - 15.000/mm³



Alterações:


  • Leucocitose (Aumento):

    • Infecções bacterianas.

    • Inflamações crônicas.

    • Doenças mieloproliferativas (ex.: leucemia mieloide crônica).

    • Estresse fisiológico (ex.: exercício, trauma).


  • Leucopenia (Redução):

    • Infecções virais (ex.: dengue, hepatite).

    • Insuficiência medular (ex.: aplasia medular, quimioterapia).

    • Doenças autoimunes (ex.: lúpus eritematoso sistêmico).



2. Neutrófilos Segmentados e Bastões


Tem como função a defesa primária contra infecções bacterianas e fúngicas, por meio da fagocitose e da liberação de enzimas antimicrobianas.



São divididos em:

  • Segmentados: Formas maduras.

  • Bastonados: Formas imaturas, aumentam em infecções agudas.



Valores de referência:

  • Neutrófilos totais: 40-70% do leucograma (2.000 - 7.000/mm³)

  • Bastonados: 0-5%



Alterações:


  • Neutrofilia (Aumento):

    • Infecções bacterianas.

    • Inflamações agudas.

    • Uso de corticoides.

    • Estresse físico ou emocional.


  • Desvio à esquerda:

    • Aumento de neutrófilos imaturos (bastonados), comum em infecções graves ou sepse.


  • Neutropenia (Redução):

    • Infecções virais (ex.: influenza, HIV).

    • Insuficiência medular (ex.: quimioterapia, radioterapia).

    • Uso de medicamentos imunossupressores.



3. Linfócitos


Tem como função a defesa imune adaptativa, incluindo a produção de anticorpos (linfócitos B) e a regulação da resposta imune celular (linfócitos T).


Valores de Referência:

  • 20-45% do leucograma (1.000 - 4.000/mm³)



Alterações:


  • Linfocitose (Aumento):

    • Infecções virais (ex.: mononucleose infecciosa, hepatite viral).

    • Doenças linfoproliferativas (ex.: leucemia linfocítica crônica).


  • Linfopenia (Redução):

    • Imunossupressão (ex.: HIV, uso prolongado de corticoides).

    • Doenças autoimunes.

    • Infecções graves (ex.: sepse).



4. Monócitos


Tem como função a fagocitose e apresentação de antígenos, importantes na resposta inflamatória crônica.


Valores de referência:

  • 2-12% do leucograma (200 - 1.000/mm³)



Alterações:


  • Monocitose (Aumento):

    • Infecções crônicas (ex.: tuberculose, sífilis).

    • Doenças autoimunes (ex.: artrite reumatoide, lúpus).

    • Leucemias monocíticas.


  • Monocitopenia (Redução):

    • Condições raras, associadas a imunossupressão grave.



5. Eosinófilos


Tem como função a defesa contra parasitas e participação em reações alérgicas.


Valores de referência:

  • 1-6% do leucograma (50 - 500/mm³)



Alterações:


  • Eosinofilia (Aumento):

    • Infecções parasitárias (ex.: esquistossomose, ascaridíase).

    • Reações alérgicas (ex.: asma, rinite alérgica).

    • Doenças hematológicas (ex.: leucemia eosinofílica).


  • Eosinopenia (Redução):

    • Estresse agudo ou sepse.

    • Uso de corticoides.



6. Basófilos


Participam de reações alérgicas e inflamatórias por meio da liberação de histamina e outros mediadores.


Valores de referência:

  • 0-1% do leucograma (0 - 200/mm³)



Alterações:


  • Basofilia (Aumento):

    • Doenças mieloproliferativas (ex.: leucemia mieloide crônica).

    • Reações alérgicas crônicas.

    • Infecções virais, como varicela.


  • Basopenia (Redução):

    • Difícil de identificar, frequentemente sem relevância clínica significativa.


Imagem de tubos de ensaio com material semelhante a sangue para desmonstrar exame citado.

Importância clínica


O leucograma é essencial na prática médica, pois auxilia no diagnóstico e acompanhamento de uma ampla gama de condições:


1. Infecções e inflamações


  • Infecções bacterianas: Neutrofilia com desvio à esquerda.

  • Infecções virais: Linfocitose.



2. Doenças hematológicas


  • Leucemias e linfomas podem apresentar leucocitose ou leucopenia, com alterações específicas nos subtipos de leucócitos.



3. Doenças alérgicas e parasitárias


  • Eosinofilia como marcador característico.



4. Condições autoimunes e imunossupressão


  • Monocitose em inflamações crônicas.

  • Linfopenia em estados de imunossupressão.



O leucograma é uma ferramenta indispensável na avaliação hematológica e oferece insights valiosos sobre infecções, inflamações, alergias e doenças hematológicas.


A interpretação detalhada dos subtipos leucocitários, associada à história clínica do paciente, é essencial para um diagnóstico preciso e manejo eficaz.


Para médicos e estudantes, entender as alterações do leucograma e suas implicações é um passo fundamental para oferecer um cuidado de excelência.

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