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Foto do escritorCarlos Felipe

Hipoxemia fetal: causas, fisiopatologia e manejo clínico

A hipoxemia fetal é uma condição em que o feto apresenta níveis reduzidos de oxigênio no sangue.


Essa redução compromete a oxigenação tecidual e, em casos graves, pode levar à hipóxia fetal, acidose metabólica e até mesmo a lesões permanentes ou morte fetal.


A hipoxemia é um indicativo de sofrimento fetal e representa um alerta crítico para intervenção obstétrica.


Neste post, exploraremos:


O que é a hipoxemia fetal?

A hipoxemia fetal refere-se à redução do nível de oxigênio no sangue fetal, antes mesmo de causar hipoxia (redução da oxigenação tecidual).


Essa condição ocorre devido a alterações no transporte de oxigênio da mãe para o feto ou a disfunções no consumo de oxigênio pelo feto.


  • Hipoxemia fetal: Redução do oxigênio no sangue fetal.

  • Hipóxia fetal: Redução da oxigenação tecidual fetal.

  • Asfixia fetal: Estado avançado de hipóxia com acidose metabólica significativa e comprometimento cardiovascular.


A hipoxemia pode ser transitória e compensada pelo feto ou prolongada, levando a consequências graves.



Fisiopatologia da hipoxemia fetal


O transporte de oxigênio para o feto ocorre através de um sistema eficiente, mas delicado, que depende:

  1. Da oxigenação materna e do débito cardíaco materno.

  2. Da integridade da circulação uteroplacentária e troca gasosa na placenta.

  3. Da circulação fetal adequada.


Alterações em qualquer um desses pontos podem causar hipoxemia fetal.


Abaixo estão os principais mecanismos envolvidos:


1. Alterações na oxigenação materna


A oxigenação materna insuficiente, devido a condições respiratórias, cardiovasculares ou hematológicas, reduz a quantidade de oxigênio disponível para o transporte pela placenta.


  • Exemplo: Hipoventilação materna causada excesso de sedação pode levar a hipoxemia fetal.



2. Redução do fluxo de sangue uteroplacentário


A circulação uteroplacentária é essencial para a troca de oxigênio entre mãe e feto. Qualquer interrupção desse fluxo prejudica a entrega de oxigênio ao feto.


  • Exemplo: Insuficiência placentária em casos de pré-eclâmpsia reduz o fluxo sanguíneo para o feto.



3. Comprometimento da hemodinâmica fetal


O transporte de oxigênio no feto depende da circulação fetal, da hemoglobina fetal e da capacidade dos tecidos em extrair oxigênio.


  • Exemplo: Anemia fetal severa devido a aloimunização (doença hemolítica fetal) pode reduzir a capacidade de transporte de oxigênio.



Causas da hipoxemia fetal


As causas da hipoxemia fetal podem ser agrupadas em fatores maternos, placentários e fetais, que frequentemente interagem.



1. Causas maternas


Condições maternas podem comprometer a oxigenação ou o fluxo sanguíneo para o feto.


  • Doenças respiratórias maternas:


    • Asma grave, pneumonia, síndrome da angústia respiratória (SDRA).

    • Impacto: reduzem a oxigenação materna.



  • Doenças cardiovasculares maternas:


    • Insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão crônica.

    • Impacto: reduzem o débito cardíaco materno e o fluxo uterino.



  • Hipovolemia Materna:

    • Hemorragia pós-trauma ou descolamento prematuro de placenta.

    • Impacto: compromete a perfusão placentária.



  • Uso de Drogas ou Sedativos:


    • Analgésicos opioides (depressão respiratória) ou anestésicos gerais (queda de traqueia e redução de função respiratória autônoma) podem causar hipoventilação.



2. Causas placentárias


Alterações na placenta afetam diretamente a troca de gases entre mãe e feto.




  • Descolamento prematuro de placenta:


    • Separação precoce da placenta interrompe o fluxo sanguíneo.



  • Placenta prévia:


    • Fluxo sanguíneo insuficiente pela localização anômala da placenta.



  • Trombose placental ou infarto:


    • Alterações vasculares comprometem a troca gasosa.



3. Causas fetais


Condições intrínsecas ao feto também podem levar à hipoxemia.


  • Anemia fetal:


    • Pode ser causada por aloimunização Rh ou hemorragias fetomaternas.

    • Impacto: Reduz a capacidade do feto de transportar oxigênio.



  • Compressão de cordão umbilical:


    • Prolapso de cordão, nó verdadeiro ou circular de cordão.

    • Impacto: Compromete a perfusão fetal.



  • Infecções Intrauterinas:


    • Corioamnionite pode aumentar o consumo metabólico de oxigênio e reduzir a oxigenação fetal.



  • Malformações Fetais:


    • Cardiopatias congênitas ou doenças pulmonares congênitas afetam a hemodinâmica e a oxigenação.


Imagem de  bebê pequeno, representando um CIUR.

Diagnóstico e monitoramento


1. Monitoramento fetal


O monitoramento da frequência cardíaca fetal (FCF) é fundamental para identificar sinais de hipoxemia em tempo real.


  • Padrões de alerta:

    • Bradicardia fetal (< 110 bpm).

    • Desacelerações tardias (relacionadas às contrações uterinas).

    • Variabilidade reduzida da FCF.



2. Avaliação de USG com doppler fetal


O Doppler avalia o fluxo sanguíneo na artéria umbilical e outras artérias fetais, ajudando a identificar insuficiência placentária e redistribuição hemodinâmica fetal (centralização).



3. Amostragem de sangue fetal


Em casos específicos, o pH do sangue fetal é avaliado para detectar acidose fetal. Um pH < 7,20 sugere acidose metabólica.



4. Ultrassonografia obstétrica


A ultrassonografia com avaliação do índice de líquido amniótico é útil para identificar oligodrâmnio, que pode estar associado à hipoxemia fetal.



Manejo clínico da hipoxemia fetal


O manejo depende da causa subjacente, da gravidade e da idade gestacional.


1. Oxigenação e estabilização materna


  • Oxigênio suplementar: Administrado à mãe para melhorar a oxigenação fetal.

  • Reposição volêmica: Em casos de hipovolemia materna.

  • Controle de comorbidades: Tratamento de doenças respiratórias, hipertensão ou infecções.



2. Avaliação e intervenção intraparto


  • Mudança de posição materna: Decúbito lateral esquerdo pode melhorar o fluxo uteroplacentário.

  • Tocolíticos: Para reduzir a frequência de contrações em casos de compressão do cordão.

  • Interrupção do trabalho de parto:

    • Se a hipoxemia fetal persistir ou houver acidose fetal grave, considerar conversão em parto por cesariana de emergência.


3. Abordagem em longo prazo


  • Monitoramento pré-natal intensivo: Em casos de CIUR ou pré-eclâmpsia.

  • Intervenção oportuna:

    • Parto programado em casos de insuficiência placentária.



Consequências a longo prazo


A hipoxemia fetal prolongada pode causar:


O diagnóstico e manejo precoces são cruciais para reduzir esses riscos.


A hipoxemia fetal é uma condição crítica, frequentemente multifatorial, que exige uma abordagem sistemática e individualizada.


O reconhecimento precoce das causas maternas, placentárias e fetais, aliado a intervenções rápidas, pode salvar vidas e prevenir sequelas a longo prazo.


Profissionais de saúde devem estar preparados para identificar sinais precoces de sofrimento fetal e agir prontamente, garantindo os melhores resultados para mãe e bebê.

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