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Foto do escritorCarlos Felipe

Hidropsia fetal: artigo completo para médicos e estudantes de medicina

Atualizado: 11 de dez.

A hidropsia fetal é uma condição grave, caracterizada pelo acúmulo excessivo de fluidos no feto. Ela pode ocorrer devido a uma ampla variedade de causas e apresenta-se como um grande desafio para o diagnóstico e o manejo, exigindo um entendimento aprofundado das suas causas, consequências e intervenções potenciais.


Neste post, abordaremos a fisiopatologia, causas, diagnóstico, opções de tratamento e perspectivas para o manejo da hidropsia fetal.



O que é a hidropsia fetal?


A hidropsia fetal pode ser definida pela presença de dois ou mais acúmulos anômalos de líquidos no feto, como em locais como a cavidade pericárdica, pleural, peritoneal e no tecido subcutâneo.


Este acúmulo leva ao edema, que pode comprometer significativamente a saúde fetal e resultar em alta mortalidade caso não tratado.


Existem dois principais tipos:

  1. Hidropsia Fetal Imune (HFI): Associada a condições imunológicas, como a incompatibilidade Rh.

  2. Hidropsia Fetal Não Imune (HFNI): Resultante de várias causas não relacionadas ao sistema imunológico.


A seguir, detalhamos as causas e diferenciações entre os tipos de hidropsia.



Fisiopatologia:


A patogênese da hidropsia fetal envolve desequilíbrio na pressão oncótica e hidrostática nos capilares fetais, além de fatores que comprometem o fluxo venoso, levando ao acúmulo de líquidos.


Em ambos os tipos de hidropsia, o excesso de líquido nos tecidos é desencadeado por uma falha dos mecanismos homeostáticos fetais.


  • Causas imunológicas: Envolvem o ataque de anticorpos maternos às células fetais, desencadeando hemólise e anemia, principalmente devido à incompatibilidade Rh.

  • Causas não imunológicas: Vão desde anomalias cardiovasculares, infecções congênitas, desordens metabólicas e cromossômicas, até síndromes genéticas que levam a anormalidades estruturais e funcionais.


Imagem que representa a hidropsia fetal.
Hidropsia fetal. Derrame pleural bilateral e ascite.

Imagem: Reddit


Causas:


Hidropsia Fetal Imune (HFI)


A incompatibilidade Rh continua sendo uma das principais causas, embora seja menos comum devido ao uso de imunoglobulina anti-D. O mecanismo é o seguinte:

  • A mãe com Rh negativo e o feto com Rh positivo podem desenvolver uma resposta imunológica, levando à destruição das hemácias fetais.

  • Essa hemólise leva a anemia e insuficiência cardíaca, provocando o acúmulo de fluidos.


Outras causas imunológicas incluem doenças autoimunes maternas que podem resultar em hidropsia, como lúpus eritematoso sistêmico.



Hidropsia Fetal Não Imune (HFNI)


As causas da HFNI são variadas e incluem:

  • Infecções congênitas: Parvovírus B19, toxoplasmose, citomegalovírus e sífilis.

  • Anomalias cardiovasculares: Insuficiência cardíaca ou anomalias estruturais, como síndrome da hipoplasia do coração esquerdo.

  • Transtornos hematológicos: Alfa-talassemia e outras formas de anemia fetal.

  • Desordens metabólicas: Doença de Gaucher, mucopolissacaridoses.

  • Anormalidades cromossômicas: Síndrome de Turner, trissomia 21, trissomia 18.

  • Outros fatores: Neoplasias fetais e anomalias torácicas que aumentam a pressão nos vasos sanguíneos.



Diagnóstico:


O diagnóstico precoce e preciso é essencial para o manejo eficaz da hidropsia fetal. Os métodos diagnósticos incluem:


Exame de ultrassom

O ultrassom é a ferramenta primária para diagnóstico, observando:

  • Acúmulo de líquido nas cavidades fetais e tecido subcutâneo.

  • Cardiomegalia e edema da placenta, sugerindo insuficiência cardíaca.

  • Polidrâmnio: Excesso de líquido amniótico, comumente associado.



Amniocentese e cordocentese

Esses exames permitem a avaliação direta de:

  • Anticorpos maternos: Identificação de anticorpos anti-Rh ou outras imunoglobulinas.

  • Análise genética: Detectar anomalias cromossômicas.

  • Infecções: Identificação de patógenos através de PCR e cultura.



Exames Laboratoriais

Avaliar a anemia fetal e a presença de infecções congênitas também é fundamental. Marcadores bioquímicos, como a ferritina e a haptoglobina, podem ajudar a identificar a hemólise.



Manejo e tratamento:


O tratamento da hidropsia fetal depende da causa subjacente e da gravidade da condição.


Algumas abordagens incluem:


Transfusão intrauterina


Em casos de anemia severa associada à HFI ou HFNI, a transfusão intrauterina pode corrigir a anemia e reduzir o risco de insuficiência cardíaca fetal.



Terapia medicamentosa


  • Imunoglobulina intravenosa (IgIV): Em casos de hidropsia imunológica, a IgIV pode reduzir a hemólise.

  • Antibióticos e antivirais: Em casos de infecção fetal, o tratamento direcionado pode ser essencial.



Drenagem fetal


Em situações onde há acúmulo excessivo de líquido em cavidades como o tórax ou abdome, a drenagem fetal pode aliviar a pressão e melhorar a função cardíaca.



Abordagem obstétrica


Em casos graves, parto prematuro pode ser considerado para preservar a vida do feto, com cuidados intensivos neonatais imediatamente após o nascimento.



Prognóstico e complicações:


O prognóstico da hidropsia fetal é variável e depende diretamente da causa e do tratamento iniciado. Em casos de hidropsia imunológica tratada adequadamente, o desfecho pode ser positivo. Entretanto, em casos de HFNI sem causa identificável ou com múltiplas anomalias, o prognóstico tende a ser reservado.



Complicações a longo prazo


Aqueles que sobrevivem à hidropsia podem enfrentar sequelas, como:

  • Danos neurológicos: Devido à hipoxemia prolongada e insuficiência cardíaca.

  • Complicações hematológicas: Incluindo anemia persistente.

  • Desenvolvimento pulmonar inadequado: Em casos de efusão pleural persistente.


A hidropsia fetal é uma condição complexa que exige uma abordagem multidisciplinar para diagnóstico, intervenção e manejo pós-natal.


O avanço nas técnicas de imagem, intervenção intrauterina e monitoramento fetal têm melhorado as taxas de sobrevida, mas o manejo permanece desafiador.


É essencial que médicos e estudantes de medicina compreendam a fisiopatologia, causas e intervenções para garantir o melhor desfecho possível para os pacientes afetados.

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Fotos disponibilizadas por IA, Pexels ou Unsplash.

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