top of page
Foto do escritorCarlos Felipe

Descolamento prematuro de placenta (DPP) - definição, causas e condutas

O descolamento prematuro de placenta ocorre quando a placenta, que normalmente está fixada à parede uterina até o parto, se descola prematuramente.


Essa separação pode ser parcial ou total e resulta em um sangramento que pode comprometer a oxigenação fetal e causar instabilidade hemodinâmica na mãe.



Classificação do descolamento prematuro de placenta (DPP)


O descolamento é classificado de acordo com a extensão e gravidade:


  1. Grau 0 (Assintomático): Diagnóstico incidental, geralmente após o parto.

  2. Grau 1 (Leve): Pequena separação, sem sofrimento fetal ou instabilidade materna.

  3. Grau 2 (Moderado): Separação maior, com sofrimento fetal e sinais maternos de hipovolemia.

  4. Grau 3 (Grave): Descolamento completo, frequentemente associado à morte fetal e comprometimento materno grave, incluindo coagulopatia.



Causas e fatores de risco


Vários fatores podem predispor ao DPP, envolvendo condições maternas, obstétricas e externas.


1. Fatores maternos


  • Hipertensão materna: O principal fator de risco. Inclui hipertensão crônica, pré-eclâmpsia e eclâmpsia.


  • Idade avançada: Mulheres acima de 35 anos apresentam maior risco.


  • Trombofilias: Estados hipercoaguláveis, como síndrome do anticorpo antifosfolípide.



2. Fatores obstétricos


  • Descolamento prévio: Mulheres com histórico de DPP têm maior risco em gestações subsequentes.


  • Polidrâmnio e oligodrâmnio: A distensão uterina anormal aumenta o risco de separação da placenta.


  • Gestação múltipla: Aumento da tensão uterina.


  • Trauma uterino: Inclui traumas externos ou procedimentos invasivos, como amniocentese.



3. Fatores externos e estilos de vida


  • Traumas abdominais: Acidentes ou violência podem desencadear o descolamento.


  • Tabagismo e drogadição: O consumo de cocaína e tabaco (cigarro) está associado a maior risco de DPP devido à vasoconstrição e isquemia uteroplacentária.



Fisiopatologia do DPP


O DPP inicia-se com uma ruptura nos vasos da interface útero-placentária, resultando em um hematoma retroplacentário.


Esse hematoma pode:

  1. Expandir-se, causando maior separação da placenta.

  2. Comprimir o tecido placentário, reduzindo as trocas (oxigênio e nutrientes) entre mãe e feto.

  3. Romper-se e causar hemorragia vaginal visível.


O grau de comprometimento depende da extensão do descolamento e da resposta hemodinâmica materna ao sangramento.



Sinais e sintomas


Os sintomas do DPP variam com a gravidade, mas geralmente incluem:


1. Hemorragia vaginal

  • Sangramento escuro ou ausente (em casos de hemorragia confinada ao retroplacentário).


2. Dor abdominal e uterina

  • Dor súbita, intensa e persistente, acompanhada de rigidez uterina.


3. Alterações na atividade fetal

  • Redução ou ausência de movimentos fetais.

  • Frequência cardíaca fetal anormal (desacelerações ou bradicardia).


4. Sinais de hipovolemia materna

  • Hipotensão, taquicardia e choque, mesmo na ausência de sangramento vaginal visível.


5. Contrações tetanizadas

  • Contrações uterinas intensas e contínuas devido à irritação miometrial.



Diagnóstico


O diagnóstico do DPP é clínico, mas exames complementares podem ajudar a confirmar o quadro e avaliar a gravidade.


1. Avaliação clínica

  • História detalhada (sangramento, dor abdominal, traumas).

  • Exame físico com foco em dor uterina, rigidez e sinais vitais maternos.



2. Ultrassonografia obstétrica

  • Detecta hematomas retroplacentários em casos moderados ou graves.

  • Limitação: Não identifica pequenos descolamentos em 100% dos casos.



3. Exames laboratoriais

  • Hemograma: Avaliar hemoglobina e hematócrito.

  • Coagulograma: Investigação de coagulopatias associadas, como coagulação intravascular disseminada (CIVD).

  • Teste de Kleihauer-Betke: Detecta hemorragia fetomaterna significativa.



Manejo clínico


O DPP é uma emergência obstétrica e o manejo varia com a gravidade, a idade gestacional e o estado materno e fetal.


1. Estabilização materna

  • Monitoramento contínuo dos sinais vitais.

  • Acesso venoso calibroso para reposição volêmica com cristaloides e, se necessário, hemoderivados.

  • Oxigênio suplementar para melhorar a oxigenação materna e fetal.


2. Monitoramento e intervenção fetal

  • Realizar cardiotocografia para avaliar sinais de sofrimento fetal.

  • Em casos de sofrimento fetal grave, considerar parto de emergência.



3. Conduta baseada na idade gestacional (IG)

A. Gestações pré-termo (< 37 semanas)
  • Sem sofrimento fetal: Monitoramento rigoroso e repouso absoluto em ambiente hospitalar.

  • Com sofrimento fetal: Parto de emergência por cesariana.


B. Gestações a termo (≥ 37 semanas)
  • Parto Imediato: Indicação de cesariana para casos graves ou parto vaginal acelerado em casos de estabilidade materno-fetal.



4. Tratamento de complicações


A. Hemorragia maciça
  • Transfusão de sangue e correção de coagulopatias com plasma fresco congelado e crioprecipitado.


B. Coagulação intravascular disseminada (CIVD)
  • Monitorar fibrinogênio e d-dímeros.

  • Tratar com suporte intensivo e reposição de fatores de coagulação.


C. Insuficiência renal aguda
  • Prevenir com hidratação adequada e monitorar a diurese materna.


Médica conversando com paciente gestante.

Complicações


O DPP pode levar a consequências graves para mãe e feto:


Maternas:

  • Hemorragia maciça e choque hipovolêmico.

  • Coagulação intravascular disseminada (CIVD).

  • Insuficiência renal aguda.



Fetais:

  • Morte fetal intrauterina.

  • Hipoxia e acidose metabólica.

  • Restrição de crescimento intrauterino (CIUR).



Prevenção


Embora o DPP nem sempre seja evitável, algumas medidas podem reduzir os riscos:


  • Controle rigoroso de doenças hipertensivas na gravidez.

  • Orientação para evitar tabagismo e consumo de drogas ilícitas.

  • Monitoramento intensivo em pacientes com história prévia de DPP.


O descolamento prematuro de placenta é uma condição crítica que exige diagnóstico e intervenção imediatos para evitar desfechos adversos.


A avaliação clínica detalhada, associada ao monitoramento contínuo de mãe e feto, é essencial para guiar a conduta.


Com manejo precoce e eficaz, é possível minimizar os riscos maternos e fetais, garantindo melhores resultados para a saúde perinatal.

Veja também:
Guia de prescrições

Estrela

Medicamentos, posologia, apresentações e muito mais!

Calculadoras de dose por quilo, posologia diária e suspensões, para você sempre ter à mão.

Fotos disponibilizadas por IA, Pexels ou Unsplash.

Receba em primeira mão as nossas atualizações

Gif demonstrando como é o Blackbook por dentro

Veja também:

Blackbook: Marketing Digital para Médicos

Aprenda a fazer marketing médico digital com quem realmente entende do assunto. São 33 lições práticas para você implementar ainda hoje e ganhar mais dinheiro, ser mais relevante e ter mais tempo livre.

bottom of page