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Foto do escritorCarlos Felipe

Citomegalovírus (CMV): diagnóstico, complicações e manejo

O citomegalovírus (CMV) é um vírus da família Herpesviridae que causa uma infecção amplamente disseminada na população mundial.


Embora assintomática em pessoas saudáveis, a infecção por CMV pode ter consequências graves em indivíduos imunossuprimidos e em fetos, sendo uma das principais causas de infecções congênitas.


Neste post, discutiremos:

  • O que é o citomegalovírus.

  • Suas formas de transmissão e populações de risco.

  • O diagnóstico da infecção, incluindo infecção congênita.

  • As principais complicações associadas.

  • O manejo clínico e a prevenção.



O que é o Citomegalovírus?


O citomegalovírus é um vírus de DNA da mesma família do herpes simples e da varicela-zoster.


Após a infecção primária, o CMV permanece latente no organismo, podendo ser reativado em situações de imunossupressão.



Principais características


  • Latência viral: Permanece latente em leucócitos e tecidos.

  • Capacidade de reativação: Pode ser reativado em casos de imunidade comprometida, como ocorre em pacientes transplantados ou com infecção pelo vírus do HIV.



Transmissão


O CMV é transmitido por fluidos corporais, como saliva, sangue, urina, leite materno, secreções genitais e transplantes de órgãos ou transfusões sanguíneas.


Principais vias de transmissão


  1. Contato direto: Exposição a secreções corporais infectadas.


  2. Transmissão vertical: Durante a gestação (infecção congênita), parto ou aleitamento materno.


  3. Transfusão de sangue e transplantes: Principalmente em pacientes imunocomprometidos.



Epidemiologia


  • Alta prevalência: A soroprevalência do CMV varia entre 40-100%, sendo mais elevada em países em desenvolvimento / subdesenvolvidos.


  • Infecção congênita: A principal causa de infecção congênita no mundo, com risco de morbidade neurológica e surdez.


Imagem que representa vírus.

Manifestações clínicas


1. Indivíduos imunocompetentes


A infecção primária por CMV geralmente é assintomática ou causa sintomas inespecíficos, como:

  • Febre prolongada.

  • Linfadenopatia.

  • Cansaço e mal-estar.


Em raros casos, pode causar uma síndrome similar à mononucleose, com sintomas semelhantes à infecção por Epstein-Barr.



2. Infecção congênita


O CMV é a principal causa de infecção congênita, ocorrendo em cerca de 0,2-2,0% dos nascimentos.


  • Infecção primária materna: Maior risco de transmissão ao feto (30-40%).


  • Infecção recorrente materna: Risco menor de transmissão (< 2%), mas ainda pode causar complicações.



Manifestações no feto e neonatal


  • Sintomas neurológicos: Microcefalia, calcificações intracranianas, retardo mental, convulsões.


  • Surdez sensorioneural: A complicação mais comum, ocorrendo em 10-15% dos casos.


  • Hepatoesplenomegalia e icterícia: Resultantes de infecção sistêmica.


  • Restrição de crescimento intrauterino (CIUR): Associada a insuficiência placentária.



3. Pacientes imunossuprimidos


Em indivíduos imunossuprimidos, como transplantados ou portadores de HIV/AIDS, o CMV pode causar complicações graves:


  • Retinite por CMV: Causa importante de cegueira.


  • Pneumonite por CMV: Alta morbimortalidade em transplantados.


  • Doença gastrointestinal: Esofagite, colite e ulcerações intestinais.



Diagnóstico


O diagnóstico da infecção por CMV pode ser feito por testes sorológicos, moleculares ou histopatológicos, dependendo do contexto clínico.


1. Diagnóstico sorológico


  • IgM Anti-CMV: Indica infecção recente.


  • IgG Anti-CMV: Indica exposição prévia ou imunidade.

    • Avidez de IgG: Avalia a "maturidade" dos anticorpos IgG, útil para diferenciar infecção recente (baixa avidez) de infecção antiga.



2. Diagnóstico molecular


  • PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) para CMV (Carga viral): Detecta DNA viral em sangue, líquido amniótico ou outros fluidos corporais. Essencial para infecção congênita e monitoramento de imunossuprimidos.



3. Diagnóstico histopatológico


  • Inclusões citomegálicas: Características em biópsias de tecidos infectados, como pulmões e intestinos.



Manejo clínico


O tratamento do CMV depende do contexto clínico (congênito, imunossuprimido ou imunocompetente).


1. Indivíduos imunocompetentes

  • Geralmente, o tratamento é sintomático, pois a infecção é autolimitada.


2. Infecção congênita

  • Ganciclovir ou Valganciclovir: Antivirais utilizados para reduzir o risco de sequelas neurológicas e auditivas, especialmente em casos graves.

    • Tratamento precoce nos primeiros 30 dias de vida é essencial.


3. Pacientes imunossuprimidos

  • Profilaxia antiviral: Utiliza-se Valganciclovir para prevenir infecção em transplantados de órgãos sólidos e medula óssea.


  • Tratamento da doença ativa: Inclui Ganciclovir intravenoso ou Valganciclovir oral.

    • Monitorar a carga viral por PCR durante o tratamento.



Prevenção


1. Medidas gerais

  • Higiene adequada, incluindo lavagem frequente das mãos, especialmente em profissionais de saúde e cuidadores de crianças pequenas.


2. Prevenção em transplantes

  • Triagem de doadores e receptores: Avaliar o status sorológico pré-transplante.

  • Uso de hemoderivados soronegativos ou leucorreduzidos: Reduz o risco de transmissão em imunossuprimidos.


3. Prevenção da infecção congênita

  • Triagem sorológica materna: Identificar mulheres suscetíveis ao CMV durante o pré-natal.

  • Acompanhamento com ultrassonografia e amniocentese: Detectar sinais de infecção fetal, como calcificações intracranianas e restrição de crescimento.


O citomegalovírus (CMV) é uma infecção comum, mas que pode ter consequências graves em imunossuprimidos e fetos.


O diagnóstico precoce e o manejo adequado são essenciais para reduzir complicações, especialmente em infecções congênitas e doenças em transplantados.


A conscientização sobre prevenção e a utilização de antivirais em situações específicas têm papel fundamental no controle da infecção por CMV, garantindo melhores desfechos para pacientes de alto risco.

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